domingo, 5 de junho de 2011

Inverno em Laguna, Santa Catarina.



A dica desta semana vai para a cidade de Laguna, na região sul do Estado de Santa Catarina. Muitos dizem ser um local conhecido daqueles amantes do surf e esportes aquáticos – já que fica próxima a Garopaba (terra da marca Mormaii) e Imbituba (´varias vezes sede de etapas do WCT ). Mas, há quem não goste do esporte e prefere um bom passeio em família, sem radicalismo ou coisas do gênero - e eu acredito que Laguna também seja apta a ser isto: bom passeio e tranquilidade.



A cidade é bem acolhedora. Ruas estreitas, clima de cidade de interior e bem calma. Para quem decide curtir um passeio cultural e de pouco requinte, a proposta está dada. É bom destacar que lá existem dois ambientes bem distintos: o centro histórico, virado para a Laguna de Santo Antônio, e a “cidade nova”, vira para a orla da Praia do Mar Grosso. Quer dizer, no Centro Histórico, a cidade “anda”, vive cotidianamente. De segunda a sábado, o clima é de uma cidade normal. Já na orla da praia, as coisas andam meio “mortas” no inverno – bem diferente do verão.



O maior problema da cidade, visto que estávamos no período de “baixa temporada”, foram os restaurantes, cafés e bares. Poucos estabelecimentos, de qualidade razoável a bom, estavam abertos. Mas sempre há uma exceção: A dica fica para o Restaurante Caiçara, na esquina da Rua Tubarão (ligação com a Praia do Mar Grosso) com a Avenida Senador Galotti ("cidade nova). Se você for no inverno, a época é de comer uma boa tainha, uma das dicas que ficam a vocês.


O passeio conta com uma bela vista no mirante do morro do Cobrasil (vista da primeira foto); no Molhe da Praia do Mar Grosso junto à visita de vários golfinhos e surfistas pegando altas ondas; e o Farol de Santa Marta - um dos principais roteiros de Laguna.



Para chegar ao Farol de Santa Marta, é necessário pegar uma balsa, ou o Ferry Boat, ambos transportes aquáticos de veículos da Marinha do Brasil que faz a travessia pelo molhe da Barra. Não podemos esquecer que, além do transporte, a Marinha do Brasil é responsável pelo Farol. De fato: Laguna tem muito marinheiro (fica a dica para as meninas que gostam deste negócio aí).



No farol, a vista do lugar é fantástica! Você pode ficar perdido e não saber para onde olhar. A construção do Farol é encantadora (embora seja naqueles moldes de construções militares), a cidade com montanhas de dunas de areia ao fundo é deslumbrante, o mar, as ondas indo de encontro com a orla da pequena vila logo abaixo, o modesto cemitério, a simpática capelinha, o céu. De verdade, é um lugar que encanta muito – claro, tirando o frio de 10ºC e o vento sul gelado, forte e constante antes mesmo da chegada do inverno – portanto, agasalhe-se muito (#ficaadica).



O que a gente não pode esquecer-se de comentar é a riqueza histórico-cultural da cidade. Laguna já foi uma dos territórios mais conhecidos do mundo devido sua localização estratégica. O limite do tratado territorial luso-espanhol de Tordesilhas obrigou os portugueses a colonizar este pedaço de terra a fim de assegurar seu território no novo continente contra a coroa espanhola. A partir de 1676, Laguna foi transformada em Vila e começou a ser habitada por bandeirantes brasileiros para melhor povoá-la. Após algum tempo, imigrantes açorianos aportaram lá, ajudando a criar a identidade atual desta cidade. A cultura açoriana é, portanto, é um traço marcante, tanto no “rosto” do povo, quanto na sua arquitetura.








Mas Laguna ainda não estava longe de ser esquecida pelo continente europeu e pela história. No século XIX a cidade passou a ser conhecida além das fronteiras brasileiras junto a Anita Maria de Jesus Ribeiro, a Anita Garibaldi, e seu companheiro, Giuseppe Garibaldi, o italiano revolucionário – responsáveis por ajudar a República Rio-Grandense a não fracassar tão aterradoramente na Guerra dos Farrapos. A cidade virou o reduto cultural desta chamada heroína ítalo-brasileira. Mas confesso: criou-se um museu de pequeníssimo porte num valor tão exorbitante quanto a ganância de quem quer enriquecer em poucas horas. Mas só a arquitetura já vale a visita.


E por fim, deve-se dizer que a visita vale muito! Só o prazer de conhecer um dos marcos de fundação deste Brasil continental já faz a viagem ser prazerosa. Do centro histórico ao Farol de Santa Marta, a viagem nos dá, no mínimo, um dia inteiro de visita. Porque chegar em Laguna e não parar no centro histórico e andar a pé, ou, visitar uma de suas praias e colocar o rosto na frente do vento sul gelado, não é visitar Laguna de jeito maneira.

E claro, estamos em território limite entre a cultura gaúcha e a catarinense, portanto há às piadas de mau gosto. A piadinha infame fica para quem volta em direção ao norte de Santa Catarina. A rixa Catarina Vs Gaúchos é tão grande, que fez uns engraçadinhos tomarem mais destaques. Os irmãos do sul menos dispostos a entrar na brincadeira podem achar ruim, mas eu acho saudável. Afinal, estereótipos não levam em conta toda a verdade, apenas uma parcela dela - e por isto a raiva de quem é estereotipado. Frases de Chiamamanda Adiche.


Para quem não entendeu a piada: o Retorno avisa os viajantes a voltarem para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.

Por: Gabriel P. Knoll

Um comentário:

  1. Terra da mormaii? Terra do tio moaça isso sim, HAHa!
    Laguna minha mãe gosto de lá, e nos quesitos que destes, realmente estais certo meu caro, mas há uma fama naquela cidade, mas deixa os clichês, enterrados agora, pois podemos pensar sem fazer piadas, podemos?

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