terça-feira, 24 de julho de 2012

Filmes em cartaz: A delicadeza do amor, Para roma com amor e Na estrada

 
          Dos filmes que estão em cartaz, A era do gelo 4 (3D),  Espetacular Homem Aranha (3d), Chernobyl, E aí comeu? (filme brasileiro, com muitos palavrões e putaria), há ótimas opções para sair do senso comum do cinema:  A delicadeza do amor, Para roma com amor e Na estrada.  Vou falar um pouco desses três longas, a seguir.

       O primeiro é um drama francês com Audrey Tauto, a menina que fez a personagem principal do conhecido Amélie Poulin (Le fabuleux destin d'Amélie Poulain). O longa La Délicatesse é uma adaptação do livro de David Foenkinos, romance vencedor de 10 prêmios literários, em que a mocinha é uma viúva que está redescobrindo o amor. Ela se envolve com Markus, um colega de trabalho e o tópico que se tenta explorar é a delicadeza das relações, principalmente num mundo competitivo e voraz como o atual capitalismo (selvagem?). 

       Ainda na linha dos filmes cults, temos Woody Allen (76 anos, 43 filmes rodados) numa fase bem mais comercial  depois do sucesso de 151 milhões de dólares com Meia noite em Paris, que foi indicado ao oscar  de melhor filme e ganhou a estatueta de melhor roteiro . O cineasta continua seu turismo cinematográfico (Inglaterra, Espanha e França) agora em  Roma com o longa Para Roma com Amor. A fase italiana de Woody Allen trás para cena a nova musa do diretor,  Penélope Cruz,  a latina faz uma prostituta em um dos núcleos do filme que se divide em quatro.  Quais sejam: o homem que é seduzido pela garota de programa; um simples pai de família que fica famoso de repente (interpretado por Roberto Begnini); um arquiteto jovem que deixa a namorada por uma atriz; e um núcleo em que o próprio diretor reprensenta um americano (diretor de ópera) fracassado.

      O mais esperado (demorou sete anos entre o planejamento e execução) dos três filmes é Na estrada. Nele o destaque vai para a dupla de atores principais (Garret Hedlund e Sam Riley) juntamente com a nova queridinha da américa: Kristen Stewart. Há também duas participações de atores ja consagrados:  Kirsten Dunst  e Viggo Mortensen. Dunst faz um papel bem menos fascinante que Stewart, mas não penso que foi por isso que a intrepretação da loura foi tão sem graça.  Já Viggo interpreta o meu personagem preferido na trama porém sem muito destaque, já que tudo e todos (assim como no livro que inspirou o longa) ficam apagados perto do trio Marylou, Dean e Sal. Eles se entrosaram mesmo e penso que a interpretação desses três  foi uma das melhores coisas do filme.
      O longa (que é longo mesmo: 140 minutos)  é baseado no livro homônimo que também demorou anos para ser feito: foi fruto de viagens do autor, que fazia rascunhos e depois decidiu escrever tudo (a base de muito café e anfetamina) quase como um “vômito” continuo de emoções,  algumas tão desconexas que a editora cortou muitas páginas no manuscrito oficial (também pode ser encontrado nas livrarias). Com Jack Kerouack foi inaugurada uma nova forma de escrever:  fluida, sem pensar, com ritmo e alucinante, em frases imensas escritas em folhas grudadas umas nas outras (para não ter que para para trocar). Assim foi escrita a bíblia beat e  Walter Salles fez com este clássico algo parecido com o que fez com Diário de Motocicleta. Selecionou! Pegou toda aquela droga (sexo, música) e decepções e transformou num drama que se possa engolir.  Alguns podem dizer que ele deu uma maquiada, e por aí entram as mesmas críticas em relação ao filme em que Che Guevara aparece como um cara legal. Até nas cenas mais depressivas Sal Paradise é palpável, com beleza cinematográfica, graças à tecnica de Salles. A arte é um pouco disso, é o feio que ganha uma cara boa na parede branca com a luz fosca de uma galeria. Mas nem por isso Salles escapou de mostrar a decepção de Sal para com seu (falso?) amigo Dean Moriarty, desfecho prinicipal da obra. Para conferir como Dean passa de melhor amigo admirado como um Deus para em ex-amigo do qual se tem algo como um misto de pena e repulsa.  E assim, acaba a amizade, o filme e a última página de On the road:
Assim, na América, quando o sol de põe e eu sento no velho e arruinado cais do rio olhando os longos, longos céus acima de New Jersey, e posso sentir toda aquela terra rude se derramando numa única, inacreditável e elevada vastidão até a Costa Oeste, e toda aquela estrada seguindo em frente, todas as pessoas sonhando nessa imensidão[...] ninguém sabe o que vai acontecer a qualquer pessoa, além dos desemparados andrajos da velhice, eu penso em Dean Moriarty; penso até no velho Dean Moriarty, o pai que jamais encontramos; eu penso em Dean Moriarty”.  (Kerouac, Jack)
 

veja os traillers clicando abaixo:

Texto: Alessandra K. P.
Fotos: divulgação

2 comentários:

  1. É sempre muito bom ler sobre cinema. Particularmente, gosto muito dos filmes de Allen.

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  2. Interessante essa sintetizada resenha. recentemente li uma sobre o filme "On The Road", no http://versosrascunhos.blogspot.com.br.
    Ficou muito bom o seu texto.
    Abraços!

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