Dos filmes que estão em cartaz, A era do gelo 4 (3D), Espetacular Homem Aranha (3d), Chernobyl, E aí comeu? (filme brasileiro, com muitos palavrões e putaria), há
ótimas opções para sair do senso comum do cinema: A delicadeza do amor, Para roma com amor e Na estrada. Vou falar um pouco desses três longas, a seguir.
O primeiro é um drama francês com Audrey Tauto, a menina que
fez a personagem principal do conhecido Amélie Poulin (Le fabuleux destin d'Amélie Poulain). O longa La Délicatesse é uma adaptação do livro
de David Foenkinos, romance vencedor de 10 prêmios literários, em que a mocinha
é uma viúva que está redescobrindo o amor. Ela se envolve com Markus, um colega
de trabalho e o tópico que se tenta explorar é a delicadeza das relações,
principalmente num mundo competitivo e voraz como o atual capitalismo (selvagem?).
Ainda na linha dos filmes cults, temos Woody Allen (76 anos, 43 filmes rodados) numa fase bem
mais comercial depois do sucesso de 151
milhões de dólares com Meia noite em
Paris, que foi indicado ao oscar de melhor filme e ganhou a estatueta de melhor roteiro . O cineasta
continua seu turismo cinematográfico (Inglaterra, Espanha e França) agora
em Roma com o longa Para Roma com Amor. A fase italiana de Woody Allen trás para cena a
nova musa do diretor, Penélope Cruz, a latina faz uma prostituta em um dos núcleos
do filme que se divide em quatro. Quais sejam:
o homem que é seduzido pela garota de programa; um simples pai de família que
fica famoso de repente (interpretado por Roberto Begnini); um arquiteto jovem
que deixa a namorada por uma atriz; e um núcleo em que o próprio diretor
reprensenta um americano (diretor de ópera) fracassado.
O mais esperado (demorou sete anos entre o planejamento e
execução) dos três filmes é Na estrada. Nele o destaque vai para a dupla de atores principais (Garret Hedlund e Sam Riley)
juntamente com a nova queridinha da américa: Kristen Stewart. Há também duas
participações de atores ja consagrados:
Kirsten Dunst e Viggo Mortensen. Dunst
faz um papel bem menos fascinante que Stewart, mas não penso que foi por isso que
a intrepretação da loura foi tão sem graça. Já Viggo interpreta o meu personagem preferido
na trama porém sem muito destaque, já que tudo e todos (assim como no livro que inspirou o longa) ficam apagados
perto do trio Marylou, Dean e Sal. Eles se entrosaram mesmo e penso que a
interpretação desses três foi uma das
melhores coisas do filme.
O longa (que é longo mesmo: 140 minutos) é baseado no livro homônimo que também demorou anos
para ser feito: foi fruto de viagens do autor, que fazia rascunhos e depois
decidiu escrever tudo (a base de muito café e anfetamina) quase como um “vômito”
continuo de emoções, algumas tão
desconexas que a editora cortou muitas páginas no manuscrito oficial (também pode ser encontrado nas livrarias). Com Jack Kerouack foi inaugurada uma nova
forma de escrever: fluida, sem pensar,
com ritmo e alucinante, em frases imensas escritas em folhas grudadas umas nas
outras (para não ter que para para trocar). Assim foi escrita a bíblia beat
e Walter Salles fez com este clássico algo
parecido com o que fez com Diário de Motocicleta. Selecionou! Pegou toda aquela
droga (sexo, música) e decepções e transformou num drama que se possa engolir.
Alguns podem dizer que ele deu uma
maquiada, e por aí entram as mesmas críticas em relação ao filme em que Che Guevara aparece como um cara legal. Até nas cenas mais depressivas Sal Paradise é
palpável, com beleza cinematográfica, graças à tecnica de Salles. A arte é um
pouco disso, é o feio que ganha uma cara boa na parede branca com a luz fosca
de uma galeria. Mas nem por isso Salles escapou de mostrar a decepção de Sal
para com seu (falso?) amigo Dean Moriarty, desfecho prinicipal da obra. Para
conferir como Dean passa de melhor amigo admirado como um Deus para em ex-amigo do
qual se tem algo como um misto de pena e repulsa. E assim,
acaba a amizade, o filme e a última página de On the road:
“Assim, na América, quando o sol de põe e eu
sento no velho e arruinado cais do rio olhando os longos, longos céus acima de
New Jersey, e posso sentir toda aquela terra rude se derramando numa única, inacreditável e elevada vastidão até a Costa Oeste, e toda aquela estrada
seguindo em frente, todas as pessoas sonhando nessa imensidão[...] ninguém
sabe o que vai acontecer a qualquer pessoa, além dos desemparados andrajos da
velhice, eu penso em Dean Moriarty; penso até no velho Dean Moriarty, o pai que
jamais encontramos; eu penso em Dean Moriarty”.
(Kerouac, Jack)
veja os traillers clicando abaixo:
Texto: Alessandra K. P.
Fotos: divulgação
É sempre muito bom ler sobre cinema. Particularmente, gosto muito dos filmes de Allen.
ResponderExcluirInteressante essa sintetizada resenha. recentemente li uma sobre o filme "On The Road", no http://versosrascunhos.blogspot.com.br.
ResponderExcluirFicou muito bom o seu texto.
Abraços!