sexta-feira, 13 de julho de 2012

Troque a carne bovina pela suína e ajude pequenos produtores do Estado de Santa Catarina


Quem mora aqui em Santa Catarina já deve ter visto a propaganda a favor da carne suína, além das reportagens que alertam para a crise que o setor está sofrendo. Hoje, no programa da RBS TV, o Bom dia Santa Catarina, o nosso governador Colombo fez um pedido singelo: "consuma carne suína, é gostosa e é saudável.". E assim você estará ajudando a suinocultura familiar e pessoas como o senhor Natalino Altenhofen (foto: Sirli Freitas, da RBS) que pensa em vender sua terra para poder saldar as dívidas.
    A crise está ocorrendo em virtude do aumento drástico no preço da soja, alimento do animal e que representa cerca de 70% dos gastos na criação do porco. Além disso, o Brasil não conseguiu mais a exportação pra alguns países devido a embargos (como Russia, Africa do Sul e Argentina). Diminuiu mais de 50% das exportações para a Rússia, e o governo negocia a vinda de um representante para liberar o produto para lá.  A crise mundial também é um fator de impacto, pois afetou as exportações para países europeus, e agora parte da solução está na procura do mercado Asiático.
   Nosso Estado é o maior produtor brasileiro de carne suína, mais um motivo para termos orgulho do produto nosso, feito por gente simples que hoje passa um frio danado acordando cedo lá no extremo oeste de Santa Catarina. Região de desbravadores e que foi a última a ser colonizada aqui no Estado. A região começou a ser colonizada apenas no início do século XX pelos Europeus mais corajosos, visto que os índios do interior (Kaingangs e Guaranis) eram menos amistosos que os do litoral. Depois foi a vez dos gaúchos migrarem para o Oeste, porém como se esgotarão as fronteiras agrícolas houve um êxodo de alguns. E com a crise atual o que pode ocorrer é um novo êxodo rural.
     Como medida paliativa, o Governo Estadual reduziu drasticamente os impostos para os produtores em virtude dos maiores prejudicados serem justamente os pequenos produtores, visto que estes não têm contratos fechados com empresas nem com exportação. Logo, a pequena produção familiar (orgulho de SC, onde a produção familiar é um forte traço tanto demográfico como já virou uma tradição em contraste com as grande propriedades de terra das regiões central e norte do país) é a que mais está sofrendo com a crise. O governador explicou que a cada animal pronto para o abate são R$100,00 que a família investiu e que não vai ter resultado. Ao longo dos meses isto está fazendo muito diferença. Outro fator que cabe aqui lembrar é que há uma grande injustiça na relação produtor-consumidor. Nós compramos a carne em média a 4 Reais o quilograma, enquanto o produtor recebe menos de metade deste valor.
     O município de Braço do Norte (no Sul do Estado) já  decretou situação de emergência e a situação é mesmo drástica. "é uma situação de muita emoção, porque a gente percebe a crise nos olhos desses pequenos produtores" disse  Colombo hoje à emissora RBS.
      Nessas horas eu lembro dos vegetarianos, mas ainda tenho mais pena dos humanos que estão sofrendo com a crise, já pensou numa pessoa falida ou desempregada? É triste. Na mesma corrente "um por todos e todos por um" dos vegetarianos e ambientalistas, há os adeptos da chamada compra regional, que é nada mais que favorecer os produtos regionais para ajudar os pequenos mercado locais (como a geleia da vizinha menos favorecida, a cachaça e a ostra do ribeirão, o peixe aqui do litoral). Assim há um gasto menor com transporte, e uma consequente diminuição no gasto de combustível bem como menor poluição do ar. Além de que a compra é direto com quem está precisando, logo a ajuda é bem maior, visto que se paga diretamente o valor merecido para quem fez o produto. Nesta lógica, os importados seriam os produtos menos sustentáveis, pois favorecem trabalhadores de fora do país em detrimento dos daqui (numa lógica econômica bem simples importar muito causa desemprego e quebra as empresas nacionais) além de ter o imposto e o transporte que encarecem o valor final. Bom, no caso da carne suína a questão é ajudar um produto regional que está em crise além de ajudar a manter a tradição da produção familiar. Não precisa pra isso deixar de comer o camarãozinho aqui do litoral. A fórmula é simples: substitua a carne bovina pela suína, pelo menos até esta pior fase da crise passar. A pior que pode acontecer é você gostar e acabar virando um consumidor fiel!
     Eu mesma não sou de comer muita carne, pois tenho consciência de que a nossa cultura exige que a gente coma mais carne do que o organismo precisa realmente. Mas aqui em casa só entra carne suína (no lugar da bovina) porque é muito mais barata, macia e saudável. Vai carne de boi da tradicional feijoada até um rizoto de carne mais sofisticado. Esses dias mesmo, convidei uma grande amiga pra jantar aqui comigo e fiz uma receita com carne suína, ela adorou! 

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Texto: Alessandra Knoll Pereira

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