sábado, 21 de janeiro de 2012

Praia de Naufragados - Florianópolis - SC

    Uma pequena vila de pescadores e alguns adolescentes no maior estilo bicho-grilo são alguns dos atrativos desta localidade no extremo sul da ilha de Florianópolis. Porém, para chegar aqui, o trabalho é um pouco árduo: ou o visitante precisa pegar um barco, que em alta temporada chega a custar uma fortuna, ou aproveitar um trilha de subidas e descidas com pouco mais de 40 minutos de caminhada.





A chuva não intimidou os que caminhavam em direção à selvagem praia. Muita camaradagem e cortesia rolaram durante os 40 e poucos minutos de leve caminhada que separa o Bairro da Caieira da Barra do Sul e a praia de Naufragados.


A escolha é sempre pelo mais divertido: no caso foi a trilha. Não há como se perder, da entrada ao final a trilha é basicamente um caminho só: aberto e fácil. Na ampla trilha, a sorte é que as árvores fazem sombra, amenizando a sensação de calor. A parte complicada fica apenas para duas ou três travessias de riachos que cortam o caminho (cuidado com o limo nas pedras!). A trilha para Naufragados é considerada uma das mais fáceis da ilha de Florianópolis porque não há grandes subidas ou qualquer outra dificuldade mais acentuada no caminho.

Lembramos apenas que o trilheiro precisa levar basicamente um bom tênis, protetor solar, água e uma sacola para lixo. Está certo que vemos pelo caminho inúmeros jovens descalços, mas é nítido que esta prática não é a mais indicada para quem não pretende se machucar.

Também, caso o viajante não tenha levado uma garrafa d'água, fica a dica: os pequenos riachos têm água potável. Não é preciso ter receio de tomá-la, segundo os nativos do local, mas o site Better Health Channel nos recomenda a nunca tomar água de fontes naturais sem tratamento.

Ainda não trilha, podemos ver que algumas pessoas parecem ter sido educadas em chiqueiros (não querendo ofender o animal porco, lógico!). Muitos insistem em sujar a mata, como se plásticos e latas fossem materiais oriundos daqueles ambientes. Porém, lembre-se: você está indo para uma região remota da cidade, sem nenhuma espécie de tratamento de lixo e assistência da prefeitura. Então, é melhor levar pouca bagagem, e se tiver lixo nas mãos, aguarde chegar na pequena vila e jogue na lixeira mais próxima.


Aos poucos, ouvíamos o barulho do mar ao fundo, o que aumentava a nossa ansiedade de alcançar o ponto de chegada. Devagar, as pequenas e simples casas de pescadores, construídas com o material disponível, iam aparecendo e potencializando a vontade de chegar à praia. Talvez por ser longe de tudo, há certa sustentabilidade no local: placas de captação de luz solar; casas feitas de garrafas; cuidados com o lixo naquela região; e não desperdício (por exemplo: no restaurante não há gelo, a não ser para a caipirinha - aí vai um aviso).

A trilha termina não grande descampado de grama e uma casa enorme à nossa frente (o Restaurante Golfinho). Mas, aquilo não era tudo. À minha esquerda vislumbrei uma construção aos moldes dos primeiros colonizadores portugueses, daquelas bem antigas e sem as misturas que o centro da cidade costuma carregar. Uma pequena capelinha com uma cruz simples mostrava que ali era um povoado açoriano típico.


 Antes de irmos ao restaurante, observamos um pouco o lugarejo. A primeira informação importante sobre o local, ao nosso ver, é a possibilidade de acampamento. Vimos bastantes pessoas acampadas, e isto mostra que o lugar é seguro e tranquilo. Muitos jovens passavam descontraídos e dando aquele "oi" natural de quem cumprimenta um conhecido. Outra felicidade foi perceber que Naufragados ainda não foi descoberto pela massa do turismo industrial, que vem acabando com as estruturas básica da cidade - porque sabemos que Florianópolis tem potencial turístico, mas não é turística. Claro que ouvimos vários sotaques do Brasil afora, porém, o local mantinha adequada a relação de espaço/pessoas - ao contrário de várias praias da cidade, como Canasvieiras, Ingleses, Daniela, etc. 


Já na praia/localidade de Naufragados não podemos deixar de notar que os nativos de lá se importam muito com a higiene do local. Em todos os cantos há placas e lixeiras, conscientizando o visitante que ali se instala. 










Resolvemos, como de costume, tomar um lugar no restaurante e fazermos um pedido. O local selecionado foi o Restaurante Golfinho - embora existam outras opções pela praia. O atendimento foi caloroso e a refeição veio rapidamente - sem contar que o preço estava muito realista, convidativo, barato.



Pedimos um Filé de Peixe à Dorê por R$30,00, incluindo os acompanhamentos.  Estava tudo muito saboroso, com um toque de comida caseira, servindo muito bem duas pessoas. Para quem ficou com vontade de conhecer o local, abaixo segue o cardápio do Restaurante, que pode influenciar numa futura visita (clique na imagem para ampliar). 




Depois de fazer aquele "rango" delicioso, nos despedimos do local. Vimos que lá é uma boa oportunidade para ficar de bem consigo e com a natureza. As pessoas que vão para Naufragados parecem entrar na mesma sintonia, tratando os outros com respeito e cordialidade, mostrando que o ser humano ainda não está perdido. 


Como chegar: Para quem quer ir de carro, a história é interessante. Pega-se a rodovia SC-405 e "vai toda vida reto", como diz o Mané da Ilha. A rodovia, ao entrar na estrada que dá acesso ao Ribeirão da Ilha passa a se chamar, também, de Baldicero Filomeno. Então, é só seguir esta estrada até o final que você chegará à entrada da Trilha para Naufragados. Mas, não se perca antes de chegar ao destino final; sabemos muito bem que a Freguesia do Ribeirão da Ilha é um lugar muito bonito e chama a atenção. 

Para quem for de ônibus, a história é um pouco cansativa. Saindo do centro da cidade, é preciso pegar a linha Rio Tavares Direto (ou semi-direto), que leva ao terminal do Rio Tavares - TIRIO (sul da ilha). Lá no TIRIO, pega-se a linha Caieira da Barra do Sul que leva quase 1h de viagem até o ponto final, o destino para quem quer fazer a trilha para Naufragados. 

Vale lembrar que os ônibus estão quase sempre lotados e os horários são escassos nas linhas que saem do TIRIO aos bairros. Ir de carro não resolve totalmente a situação, pois como a maioria acaba tomando esta atitude, o trânsito fica caótico (ali no entroncamento da saída da praia do Campeche e na altura do Trevo da Seta), ao ponto de se levar 2h para sair do Trevo do Rio Tavares ao Elevado do Trevo da Seta (acesso ao Aeroporto) - este mesmo trecho em dias de trânsito normal demoraria de 10 a 15 minutos.


 
Texto: Alessandra & Gabriel P. Knoll
Fotos: Gabriel P. Knoll

Um comentário:

  1. Sempre fui pra naufragados, la é um local muito bom pra ficar de bem com a vida.

    ResponderExcluir