quinta-feira, 1 de março de 2012

Box 32, "o seu bar em Florianópolis"


Uma experiência gastronômica típica da Ilha da Magia é passar no Box 32. O slogan "o seu bar em Florianópolis" simplifica o que é o Box: um local tradicional para quem mora aqui além de ser um ponto turístico para quem visita Floripa. Localizado no Mercado Público, o bar fica na passagem dos que circulam pelo centro da cidade e se tornou também um rito de passagem para quem quer dizer que já é "habitué" (como dizem os cultos que frequentam os famosos cafés de paris) do cotidiano manézinho: "passa lá no Box na sexta quirido, que eu tô lá".







Um ponto bem conhecido da capital, tanto pelos turistas como principalmente pelos que aqui moram, é o Mercado Público, localizado numa das ruas mais movimentadas da capital catarinense. O centro borbulhante da cidade começa ali, entre o terminal central de ônibus e o caminho que leva à Praça XV de Novembro. Cotidianamente, diversas pessoas passam pela Jerônimo Coelho, a maioria para ir trabalhar ou estudar, algumas para pagar suas contas no banco, passear pelo comércio ou conferir o movimento. O certo é que o Mercado Público fervilha, em dia útil e principalmente nas sextas quando o pessoal que sai do trabalho resolve não ir assim "já de agora" pra casa. Durante o carnaval o Bloco mais conhecido e divertido da ilha passa por ali: o Berbigão do Boca.

O mercado Público sempre foi uma parte fundamental da cidade. Antigamente era por ali que os alimentos chegavam, os famosos frutos do mar dos pescadores e outras mercadorias. Mesmo depois que a região foi aterrada, o "mercado" é o local certo para comprar peixe fresquinho e a famosa ostra cultivada no Ribeirão da Ilha. Assim, era de se esperar que por ali abrissem também restaurantes e outros negócios que explorassem a culinária de frutos do mar. Dessa forma, ainda em 1984, Beto Barreiros abriu um bar nesse concorrido espaço do dia-a-dia mané, no box (na sala comercial) 32.

Atualmente, o Box 32 não é famoso porque está num local tradicional da ilha: ele virou tradição. Parodiando a "Marchinha do Mané", quem nunca comeu um pastel de camarão no Box 32 ou é bocó ou não é manézinho. Não deve ser manézinho porque "onde tava esse cidadão" esse tempo todo que ainda não conhece o Box 32. Não estamos a falar da caricatura do mané que fala cantando, come pirão, ou cata berbigão. É preciso apenas viver a cidade, se não vive a cidade não é da cidade. Mas mesmo o turista vai no Box, vai ver o movimento do mercado, tomar um chopp e conversar. Se não vai só pode ser tolo de viajar até aqui e não comer um camarãozinho ou uma ostra gratinada. "taisx tolo"! É bocó porque está perdendo de ter uma experiência gastronômica que não vai decepcionar. É tudo preparado no capricho, e o tempero é tão bom que tem até pimentas da marca própria (Box 32) para vender lá. Há também copos e taças com a marca, para quem quer provar que foi lá. Pra alguns não basta só isso, ainda tem que tirar uma foto e pedir pra pendurar ali, pra não ter dúvida: não sou bocó, eu fui no Box 32!

No verão, época de maior movimento na ilha de Santa Catarina, quando o calor está forte demais, há mais um motivo para dar aquela paradinha no Box: sombra, ventilação e água fresca. Ou um chopp importado, e serviço da melhor simpatia. Para os paladares mais refinados há pratos especiais, coisa de bistrot: risotos belíssimos, escargot, lagosta, caviar, e até carne de rã. Experimente! A seção de bebidas também é apurada. Porém o bar ficou conhecido mesmo é pelo pastel, ou seja, há comida simples e de barzinho, senão não seria tão simplesmente indispensável passar por lá.

Os famosos mini-pasteis de camarão.
Bolinho de carne de rã, exótico e delicioso.

Beto Barreiros, proprietário do bar.
O que me intriga é perceber que a nova geração, a minha geração, continua indo para barzinhos que quando tem comida para servir ela é na verdade gordura, amido e sódio disfarçada de lanche ou conservas disfarçados de aperitivos. Entendo a graça dos bares mais alternativos, porém percebo uma certa resistência dos jovens em aceitarem que ir para um local mais sofisticado não é sempre sinônimo de gastar mais. A questão é gastar com qualidade. Percebo os jovens gastando muito para ingerirem grandes quantidades de bebidas ruins. Enquanto há locais com bebidas excelentes por valores melhores (comparando Skol com Stella, não que lá não tenha cerveja nacional, afinal, o Box 32 ainda é um bar) em que há a possibilidade de comer bem. Além do mais, não fica na mesmice de sair por sair ou beber por beber, mas sim desfrutar, aproveitar e viver com maior maturidade. Afinal, ter a mente fechada (até quando diz respeito a bares) é ser, de certa forma, um velho birrento. Jovem, experimente mudar, passe ali no Box 32.


Texo: Alessandra Knoll Pereira
Fotografias: Gabriel Pereira Knoll





2 comentários:

  1. Tudo muito bom!o Beto foi realmente pioneiro ao trazer pra Floripa deliciosa cultura gastronômica! Parabéns pelo blog, texto e bela fotografia!bjs.
    martina

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  2. O Pastel de berbigão é o melhor!

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