domingo, 25 de março de 2012

Maratona Cultural - Parabéns Florianópolis

 A Maratona Cultura é um presente fantástico do aniversário de 286 anos de Florianópolis para o florianopolitano. Atrações culturais durante três dias seguidos, contando com apresentações culturais  (música, teatro, cinema, Stand Up, Fotografia, etc) de artista locais e nacionais. São tantas promoções culturais durante o aniversário de Florianópolis que é impossível acompanhar todas - até que enfim a prefeitura promove um evento à altura da cidade!
Além do público estar em contato com os artistas, muitas outras celebridades aparecem, "desentocam" e mostram suas caras ao público.

No segundo dia do evento (24), os organizadores acertaram muito em relação ao público alternativo e rock. Na Escadaria do Rosário, contamos com o show de Edgard Scandurra, ex-Ira. O guitarrista mostrou seu repertório de músicas próprias de seu trabalho solo (juntamento com a.k.a. Benzina - Rock Eletrônico), que deixou a turma em êxtase e transe! Fazia muito tempo que a Escadaria não recebia cultura, embora seja tipicamente cultural. Havia tanta gente, e boa gente, que a rua Vidal Ramos, uma transversal da Trajano (rua da Escadaria), ficou cheia. Tinha gente pelo ladrão, como dizia o velho mané. 
Scandurra parecia feliz pela boa recepção e não parava de fazer seus solos logo em frente à turminha da esquerda que não parava de pular, cantar e festejar. Além disso, Edgard ainda disse ter ficado maravilhado com a beleza da escadaria "se eu morasse aqui, seria um lugar que eu certamente frequentaria, pois achei lindo. Deveria ter isso aqui sempre". Concordei, não havia como não concordar. Também não havia como esquecer que ali, naquele mesmo lugar (lá pelo ano 2000) havia o Subway, o bar mais  alternativo da cidade à época. Para os que viveram Florianópolis, bateu aquela nostalgia dos tempos em que os poucos alternativos daqui lutavam para ter algum espaço e maior público. O show de Edgard, se idealizado àquela época, seria visto como impossível ou uma piada sem graça. Pois: eis-me aqui! Com essa gente e este lugar, numa fusão da Florianópolis provinciana de outrora e a capital que tenta crescer de forma sustentável.
Mas para quem acha que o evento ficou somente na apresentação de Edgard Scandurra está muito enganado. A festa começou às 17h com  intervenção de grafite (do PH), Manolo K e depois tivemos o prazer de escutar os Skrotes, banda da cidade muito, mas muito boa mesmo. Guilherme Ledoux e turma fazem um bom barulho e não deixou nada a desejar. Eles são tão profissionais quanto Edgar e turma. 
E claro, a turma que estava lá era a mais bonita da cidade! Me desculpem, gente, mas Florianópolis consegue reunir pessoas bonitas facilmente. Não eram apenas mulheres e meninas, mas o povo que estava lá era encantador. Homens, crianças, cinquentões e sessentões com sorrisos estampados no rosto. Isso deixa qualquer um bonito, não é verdade? Para concluir esta parte da noite: música boa, público bonito e gente boa, não havia chances de ser ruim. Foi bom do início ao fim! Este evento na escadaria (unindo cultura e o patrimônio histórico da capital) estava maravilhoso... a prefeitura acertou em cheio!


Panorama do local do show
Depois da Escadaria do Rosário o destino era a Beira-Mar Norte, precisamente a Praça Portugal, conhecida popularmente como "lá no trapiche da Beira-Mar". Infelizmente não podíamos estar em dois lugares ao mesmo tempo, então acabamos perdendo os shows do Zé Pereira, da Não Contém Glúten, Reino Fungi e Califaliza. Mas, conhecendo já esta galera independente, garanto que a turma aproveitou muito e as banda deram um belo show. Estas, membros oficiais d'O Clube, sabem fazer a galerinha se mexer muito. 


Chegamos lá e o show da Bloomy já estava terminando. A rapaziada tem um show para um público bem mais novo que aquele da Escadaria e botaram pra quebrar. É difícil ver bandas com três guitarras tocando simultaneamente um som harmônico. Enquanto eles tocavam, a turma lá na platéia se "matava" a cantar e pular, mostrando a simpatia e carisma do pessoal dessa banda.
 Após a banda Bloomy, era vez da banda Da Caverna, os famosos irmãos Zimmermanns tocando rock'n'roll clássico com letras engraçadas e divertidas,  um pouco ao estilo Raul Seixas. Foi um fantástico show. 



Os shows do Da Caverna são quase sempre com um clima familiar. E nesta noite estava especial, pois os pais do Vina levaram seu filho para assistir ao show e a galera vibrou com as declarações do vocalista: "a pessoa que eu mais amo no mundo está aqui hoje". Fico pensando no povo careta que gosta de reclamar do esculacho, como se ser sincero e brincalhão fosse um crime. Mal sabem eles a cumplicidade e educação que rola nos shows de rock da galera do esculacho. São um exemplo. É difícil de explicar como o cheiro de maconha, as letras que remetem à sexo, as rodas ao estilo punk, e os "palavrões", tudo isso foi inofensivo aos adolescentes que lá estavam, muitos com os pais ou parentes. Ninguém saiu de lá machucado, caindo de bêbado ou irritado. A turma é mesmo da paz, e é tudo uma brincadeira saudável. Infelizmente não são todos que se permitem conhecer isso, ou são hipócritas. Falando em hipocrisia, um dos músicos falou abertamente com o público que "aquela turma" não recebeu incentivo da prefeitura de Florianópolis. Para complementar, o músico acusou o prefeito Dário Berger de adjetivá-los de "bandas insignificantes". Para quem acompanhou a noite de 24 lá na Beira-Mar sabe muito bem que, se verdade, a fala do prefeito está muito errada. 
Voltando à coisa boa: o Show do Da Caverna. Os caras divertiram o público, que cantou do início ao fim as músicas. "Só sei que eu tava muito loco", "Eu transo no fusca" e por aí vai. O coro era grande e a turma não parava de brincar. Certo momento do show, Vina, o vocalista, reclamou que o público não estava tão empolgado como noutro show. Ele pediu para a turma fazer uma "rodinha" e "quebrar tudo". Público satisfeito com a música atendeu de prontidão e a "roda punk" foi aberta bem no meio da multidão. O show ficava divertida a cada segundo e a cada música, até que a mesa avisou o Vina de que aquela seria a última música. Logicamente que a turma da platéia vaiou; eles queriam muito mais. Entretanto, como um galã de São Pedro de Alcântara, Vina explicou que "todos precisavam mostrar o seu trabalho e agora era a vez da Encore". Elegância e simpatia, a banda Da Caverna destruiu na música e no entrosamento com o público. Saíram de lá de cima do palco muito bem.

Breno Turnes, o camarada zuando
minhas fotografias. Sai da frente
cabeção!
 Para finalizar, a noite foi fantástica. Pena ter dois shows bons ao mesmo tempo. Fechamos a noite com chave de ouro, mas com uma dívida com Dj Zé Pereira, e com as bandas Não Contém Glúten, Reino Fungi e Califaliza. O início na Escadaria do Rosário estava fantástico e o fim na Beira-Mar foi divino; isso faz crer que aquelas bandas e o Dj estavam no mesmo nível, ou seja: ótimos. Pelo menos saímos de lá com a missão cumprida e contando ao público que o Rock'n'Roll e a música alternativa e autoral não está morta. Claro, e mostramos que a capital tem muita gente boa fazendo um excelente trabalho artístico e cultural.  

Texto: Gabriel P. Knoll e Alessandra K. Pereira
Fotografia: Gabriel P. Knoll

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Um comentário:

  1. mais sobre a questão política da maratona, ver marcos espíndola: http://wp.clicrbs.com.br/contraversao/2012/03/07/maratona-cultural-sob-fogo-cruzado-eleitoral/

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