Dentro da programação do 19º Festival Isnard Azevedo, eis que um belíssimo filme da cinemateca nacional se apresenta em adaptação para o teatro ao público florianopolitano: Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, 1964, considerado por
muitos cults e alternativos o melhor filme brasileiro já feito. Além disso foi eleito pelo Museu de Arte
Moderna de Nova York, como um dos dez maiores filmes de todos os
tempos. Entretanto, não é do filme já aclamado pela crítica que viemos falar; mas sim da peça e do evento.
A Companhia Provisória, do Rio de Janeiro, com a direção de Jefferson Almeida, fez um excelente trabalho. Conseguiram trazer o filme para o palco do teatro, com as trilha sonora cantada pelos atores, sendo tão fiel às tomadas, que tornou-se uma peça afável a mim. Mas, antes de retomar sobre o que aconteceu na peça, é bom dar uma observada na organização do evento.
Confesso que a peça começou meio estranha, com altos e baixos tão atenuados, com interpretações que beiravam a comédia. Creio que foi o nervosismo - em hora inoportuna -, fazendo inúmeras pessoas se retirarem do teatro. De fato, eu não entendi a revolta, mas compreendo. Tristes dos que saíram, pois a peça foi ficando interessante ao longo da trama. Afinal, Glauber Rocha conseguiu transmitir muita coisa interessante, que era só seguir o roteiro.
Um dos pontos altos, que acho que é isso o mais interessante do teatro, foi quando os atores começaram a interagir com o público. As pessoas se assustaram, logicamente, algumas ficaram átonas. Foi uma boa dose de adrenalina para quem não esperava aquilo, naquela hora.
Obviamente que o personagem principal, Manoel, o Satanás, foi o melhor em cena. Ele conseguiu trazer muito mais emoção a todos os outros personagens. Ele deixou claro que era um sujeito humilde, sem cultura, batalhador, pobre! Embora, a atriz que interpretou sua amada Rosa, também se saiu muito bem. Gostei da atuação e do vigor trazidos aos personagens. A questão fulcral do sotaque foi muito marcante, e mais uma vez eu seleciono Satanás como melhor atuação no palco. Esta seleção não exclui nenhum outro ator, que estavam excelentes. Mas se é preciso selecionar alguém como o melhor em cena, eis que Satanás sai das sombras.
Para finalizar: recomendo!
"A terra não é de deus, nem do diabo, é do homem." (Glauber Rocha)
Para ver o filme clique aqui.
Texto: Gabriel & Alessandra
Fotografia: Gabriel & Alessandra.
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