terça-feira, 25 de setembro de 2012

Floripa Teatro: Deus e o Diabo na Terra do Sol



Dentro da programação do 19º Festival Isnard Azevedo, eis que um belíssimo filme da cinemateca nacional se apresenta em adaptação para o teatro ao público florianopolitano:  Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, 1964, considerado por muitos cults e alternativos o melhor filme brasileiro já feito. Além disso foi eleito pelo Museu de Arte Moderna de Nova York, como um dos dez maiores filmes de todos os tempos. Entretanto, não é do filme já aclamado pela crítica que viemos falar; mas sim da peça e do evento.
A Companhia Provisória, do Rio de Janeiro, com a direção de Jefferson Almeida, fez um excelente trabalho. Conseguiram trazer o filme para o palco do teatro, com as trilha sonora cantada pelos atores, sendo tão fiel às tomadas, que tornou-se uma peça afável a mim. Mas, antes de retomar sobre o que aconteceu na peça, é bom dar uma observada na organização do evento. 
    No site oficial do espetáculo dizia que deveríamos nos dirigir com uma hora de antecedência para retirar os ingressos. Surpresa tamanha foi chegar ao local e descobrir que não havia ingressos - que todas as entradas haviam sido entregues quarta-feira. Isto nos causou estranheza, entretanto, a organização pouco se notou para isso. Após uma "bela" encrenca na entrada, com duas filas (uma para os bem aventurados com ingressos e os maledicentes sem ingresso), os organizadores se deram conta que o TAC (Teatro Álvaro de Carvalho), tinha capacidade para mais de 100 pessoas; número bem inferior à turma que esperava no lado de fora. Então, resolveram dar atenção à coerência e deixaram o povo entrar.



    Confesso que a peça começou meio estranha, com altos e baixos tão atenuados, com interpretações que beiravam a comédia. Creio que foi o nervosismo - em hora inoportuna -, fazendo inúmeras pessoas se retirarem do teatro. De fato, eu não entendi a revolta, mas compreendo. Tristes dos que saíram, pois a peça foi ficando interessante ao longo da trama. Afinal, Glauber Rocha conseguiu transmitir muita coisa interessante, que era só seguir o roteiro. 
    Um dos pontos altos, que acho que é isso o mais interessante do teatro, foi quando os atores começaram a interagir com o público. As pessoas se assustaram, logicamente, algumas ficaram átonas. Foi uma boa dose de adrenalina para quem não esperava aquilo, naquela hora. 


    Obviamente que o personagem principal, Manoel, o Satanás, foi o melhor em cena. Ele conseguiu trazer muito mais emoção a todos os outros personagens. Ele deixou claro que era um sujeito humilde, sem cultura, batalhador, pobre! Embora, a atriz que interpretou sua amada Rosa, também se saiu muito bem. Gostei da atuação e do vigor trazidos aos personagens. A questão fulcral do sotaque foi muito marcante, e mais uma vez eu seleciono Satanás como melhor atuação no palco. Esta seleção não exclui nenhum outro ator, que estavam excelentes. Mas se é preciso selecionar alguém como o melhor em cena, eis que Satanás sai das sombras.


Para finalizar: recomendo!

 "A terra não é de deus, nem do diabo, é do homem." (Glauber Rocha)

Para ver o filme clique aqui.

Texto: Gabriel & Alessandra
Fotografia: Gabriel & Alessandra.

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