terça-feira, 22 de maio de 2012

Renata Swoboda no TAC & Crônica sobre mim e a cidade

Esta noite fui assistir ao show da cantora e compositora Renata Swoboda no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), como mencionado na postagem anterior. E irei falar um pouco dela pra vocês, mas já adianto que foi maravilhoso. Porém,  antes irei contar como foram alguns bizarros momentos da minha vida de "operária" antes de começar o show.

    Saí da aula do mestrado 18h, com tempo suficiente para chegar ao show, mas não com o tempo necessário para trocar minha pesada mochila (com meus livros, textos, laptop) pela bolsa com a câmera. [Nota mental nº 1: que se dane, vou registrar as imagens pelo celular.] Mas isso só acontece porque tenho este horroroso hábito de ser pontual e acabo chegando cedo demais ao ponto de já ter esperado horas pelos atrasados. “É o trânsito”, sempre dizem. Engraçado, eu ando de ônibus (o qual demora 15 minutos apenas para que as pessoas lá na UFSC entrem dentro do veículo e ele saia do pronto inicial) e sempre chego antes dos que trafegam de carro. Duplamente egoistas, por terem um automóvel só pra si e por acharem que os outros podem esperá-los.  Especialmente hoje, pra ajudar, um ônibus da mesma empresa quebrou e por isso aquele que eu estava perdeu mais uns bons minutos pegando os coitados que ficaram a pé. [Nota mental nº 2 : a Transol é líder em ônibus quebrado.]
    Chegando ao centro e passando pela muvuca do terminal parei em frente à praça XV para comprar meu pinhão cozido com o senhor de sempre. Ao chegar, cedo, no TAC garanti meu ingresso (apesar de não haver viva alma lá que me fizesse ter algum tipo de preocupação com falta de lugar) e sentei  na escadaria a comer meu pinhão, assim como uma mendiga, e o vigia me olhou.[Nota mental nº 3: aí dele se vier falar comigo e me proibir de comer meu pinhão em paz.] Lá dentro eu não poderia ficar (o som estava sendo passado, bem encima da hora aliás) então falta-me opção.  Comendo o  pinhão passei a observar os passantes, todos de carro e alguns falando ao celular, tudo normal, não sei porque ainda me espanto. Finalmente entrei para jogar minhas cascas de pinhão no lixo, escovar meus dentes e lavar as mãos.  Fui surpreendida, ao me encaminhar para o toilette, com um “oww moça onde tu vai?!”. Eu vou admitir que ainda fico decepcionada com este tipo de comportamento. Ultimamente tenho começado a pensar que deve haver algum problema comigo, porque as pessoas me tratam muito mal. Ou elas são mal-educadas ou eu devo parecer alguma pessoa com algo negativo ou um aviso de “idiota” na testa. Já cogitei em trocar meus tênis por sapato e minha mochila cheia de livros (pra que servem os livros, de qualquer modo?) por uma pequena bolsa (falsificada, comprada ali no camelô) louis vuitton que caiba apenas o essencial e a maquiagem. Eu devo estar precisando de máscara! Pro rosto, pra tudo.
    Faltam 10  minutos para o show e liberaram a porta porque chegaram três idosas. Nao tenho esperanças de ter o mesmo tratamento quando eu ficar velha, provavelmente irão me destratar igual fazem hoje. Entrei no teatro e nao achei quem pedisse os ingressos, na verdade nao vi muita gente comprando-os. O show começou na hora marcada num estilo intimista  e pouco iluminado com “Batuque não” e foi crescendo até acabar com o hit da cantora “de quando”. O estilo ficou entre o Blues o Soul e MPB, numa conexão Brasil-USA. Renata explica que as duas músicas suas que ela canta no show em inglês foram compostas enquanto a mesma morava nos Estados Unidos onde foi na época de adolescente passar três anos com os pais e depois voltou para cursar 4 anos de música.
    O voz de Renata é ótima e a técnica aparece muito durante as músicas. Quando falta letra ela a repete e muda o ritmo, o timbre ou o estilo músical de bossa nova pra blues e assim vai. Sua voz é tão gostosa que até quando ela fala é linda, voz de cantora mesmo, daquelas que seria um disperdício se não fosse aproveitada. Unindo talento à estudo (ela toca mesmo) o show foi demais, destaque para “ninguém fala”.
    Durante o show Swoboda cantou 3 covers, o primeiro “come together” de tanto que combinou com a cantora e mostrou as inclinações de sua voz, penso que não houve problemas em aceitar um cover num show essencialmente autoral. Porém os outros dois covers não combinaram quase em nada com o show. “I shot the sheriff” não tinha coisa alguma a ver, embora Renata tenha cantado ao seu estilo, não valorizou a sua voz ou as qualidades instrumentais da banda, por isso poderia ter sido descartada sem problemas  E depois “I told you I was troble” combina com o estilo da cantora mas exige algo que a sua voz não dá, pois é difícil cantar Amy sem ficar um pouco abaixo daquela voz.
   Após algumas conversas com o pequeno público ela se despede, agradece alguns parceiros e à banda e canta novamente a estréia “clarícias” ao pedido de bis do público. Eu vou parar por aqui porque Churchill, meu gato, tá louco se dependurando em cima de mim e não deixa eu escrever. Nota mental nº 4: não usar mais perfume doce.
Para ver o vídeoclip da nova música, clique aqui
Ouça as algumas músicas em: http://www.renataswoboda.com/musicas.html
Texto: Alessandra Knoll Pereira

2 comentários:

  1. Olá, amigo Gabriel!
    Após essa odisseia para chegar ao show muito valeu a pena, pois a Renata Swoboda tem uma voz melíflua.
    Gosto destas crônicas do quotidiano pelo cunho verossímil.

    Há dez anos vou para o trabalho de bicicleta, mesmo possuindo carro. Além de mais saudável, chego até mais rápido, mas sempre com todo cuidado.
    Obrigado pela visita e pelo comentário inteligente!

    Sobre o comentário de cunho preconceituoso em meu blog, pedi explicação para a lusitana, a mesma me disse que não teve a intenção de ofender, mas apenas de citar as ocorrências criminais. Pedir para ela se retratar ou explicar para não ofender ninguém, do contrário, teria que excluí-lo. Estou aguardando.

    Abraços!

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